Na parede riscado de carvão.. caca veio aqui já vai embora já vai ser nove horas.. uma maneira de se comunicar. Joaninha é minha alegria aqui.. (O mulher, é amélia o nome dela mulher!) Uuuuuu. Joninha.... e do outro lado do cerrado Amélia grita de volta...
Nezinho... os pés marcados da roça.. os olhos que carregam a historia do mundo.. pegar o melão do pé.. amarelinhos, que delícia tirar da terra algum alimento. Sensação indescritível. Lembrei das histórias do meu pai.. do miolo da melancia... da flor da abóbora... me senti mais e de novo criança..
Vi Amélia e seu suor cotidiano de dar de comer aos bezerros, de buscar agua da catimba, de calo nos dedos da enxada, da solidão de quem já sofreu demais por querer não ser só.. dos remédios controlados da solidão.. do rádio de pilha ligado que faz chiado de onde se planta o pão...
Vi Lucinda.. cansada do trabalho, mãe de onze filhos, nascidos debaixo de uma mangueira.. que aprenderam cedo a fiar pra fazer rede, fugindo do frio do chão..
“- Se você fosse pobre hein menina? Ia fazer cama de que? “
O tempero da comida, o cheiro do mato, os mosquitos...
“- Pele fina, tudo criado debaixo da saia da mãe, dentro de casa!”
Pele fina! Pela primeira vez notei que nossa pele era mais fina.. falta dos calos do mato, da roça, do suor do trabalho...
“-Lava com sabão caseiro pra ver se engrossa um pouco... dizem que mosquito gosta de pele fina...”
Banho de açude, de tanque, de rio gelado de noite, de catimba, de igarapé... Banho de tudo quanto foi jeito... até com sabão caseiro que é pra engrossar a pele.
Natália Siufi - da república dos amigos de Barra de Bugres, as 17h23.
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