8 de fev. de 2011

Apagão no Nordeste

Uma urgência de expulsão em minhas vísceras interrompeu o sono atormentado. Ao longe, gatos urravam de dor e prazer. Eu dormia em uma casa estranha e não podia discernir onde me encontrava. Meus dedos nervosos buscaram o interruptor que não poderia interromper minha angústia. Pensei que era mais uma projeção do meu espírito, dessas vezes quando tento acender a luz, sem ter carne para isso. Meu Deus onde estou? Isso não é sonho porque meu ventre dói. Os gatos se aproximam, já chegaram no quintal. Ouço seus uivos demoníacos e sinto medo. Esqueço o medo e tateando a parede consigo chegar até a rua. A cidade sobre a serra está apagada, o nordeste brasileiro todo está. As estrelas estão sem forças. Consigo com meus demônios espantar os gatos e minhas vísceras, em guerra, tentam espantar alguma bactéria ruim. Volto para dentro da casa escura e tateio paredes infinitas, temendo pisar em corpos quentes e adormecidos, ou cortar o rosto com objetos da escuridão. Que janelas são essas? Onde está a porta que procuro? Oh! Água impura do suco de Cajarana! E porque vísceras tão intolerantes, meu Deus? Suor. Os gatos voltam. Encontra o caminho um corpo que já não aguenta mais. Lágrimas. E o espírito de Deus volta a se mover sobre a face das águas..
Eric D'Ávila

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