17 de dez. de 2011

Parlendas na SPTRANS



Sobre o projeto de Palhaço nos Terminais de Ônibus:

É certo que grande parte dos usuários, dependentes do transporte público da cidade de São Paulo, são de classe baixa e moram em regiões periféricas ao centro da cidade. Os primeiros ônibus, ainda de madrugada, já saem com grande quantidade de gente, em trajetos de quase duas horas, feitos ao menos duas vezes por dia.
Portanto, a maioria dos usuários depende do transporte para seu sutento e trabalho e passa quase 1/6 do dia dentro da condução. Fora isso, as filas são grandes, é raro ter assentos para todos pois as conduções estão quase sempre lotadas, é comum o trânsito aumentar muito o tempo das viagens e outras mil dificuldades cotidianas experenciadas pelos proletários paulistas.
Alguns problemas constatados anteriormente, junto com a equipe da SPTRANS, foram: desrespeito ao assento preferencial; mau-humor, a impaciência nas filas, lixo pelas janelas; descaso dos funcionários; desrespeito com os funcionários; assédio sexual...
Muitas vezes a busca pela sobrevivência, o cansaço do dia a dia, o stress do trabalho-vida-família, a pressa e a vontade de chegar em casa deixam a generosidade e o respeito por si e pelo o outro em segundo plano. Difícil recuperar este senso de coletividade e de generosidade com poucas ações ou mesmo ações descontinuadas, que não insiram o usuário em alguma lógica de pensamento e de atitude.
O Parlendas apresentou há três anos um projeto para SPTRANS que tentasse interferir no cotidiano dos usuários, provocando reflexões sobre esse espaço.
A concepção originária de educar vem do latim "educare": endireitar, porém contrariando essa idéia civilizatória de endireitar alguém para caber em algo, mais do que educar ou conscientizar, pensamos em provocar; em gerar fraturas e interseções no pensamento e na atitude das pessoas, para que reflitam sobre o seu posicionamento no mundo. Além de tudo e acima de tudo, divertir, pois o palhaço e o humor estão para o riso e a crítica numa relação direta. Divertir e relaxar também, depois de exaustivos trajetos e dias, é uma forma de mostrar outras visões de mundo e de modos de ser.
O Grupo Teatral Parlendas utilizou-se de seus instrumentos de trabalho: (a linguagem cômica e o palhaço) para causar o riso em quem passou o dia de cara fechada. Fizemos “campanhas” como: a massagem coletiva, que ocasiona o toque; as novas estratégias de carregar sacolas (com perna de pau ou segunda altura); a campanha 2 em 1 para pagar meia passagem; a godofreda (barata) que é a melhor companheira da viagem; a inspeção do desfedorante junto com a campanha: Abaixa o braço!; a campanha: Senta no colo, que cabe mais gente!; a dica: "Relaxa que vem "bocetada" na cara".. - É Bolsada, Tilápia!.. - Ah sim! Foi o que eu disse, bocetada!; o disk Dilma e disk Kassaba; etc

Sabemos que o problema de transportes não é algo isolado, mas fator de um sistema capitalista que só sobrevive às custas da exploração do trabalhador. O Parlendas, buscando a troca com estes trabalhadores, vê nos terminais de ônibus, grande espaço de interlocução e potência.

Agenda de Dezembro:


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