28 de dez. de 2010

A casa, a árvore, o cavalo e o nada. O fogo lambeu a floresta e deixou as castanheiras e mangueiras que sobreviveram à barbárie junto com os Santos da Mata. O Padre contou as atrocidades cometidas contra os índios, mas a que mais me chocou foi a imagem de jagunços (cearenses?) jogando bebês indigenas para o alto e parando com a ponta da faca. Esse é um lugar de conflitos de vida e de morte, por isso o Acre é assustador. Ontem eu ouvi o som de uma coruja cantando no ar parado, sob as nuvens esfumaçadas da lua. Aqui as estrelas são mais insinuantes e lançam raios vermelhos. De madrugada forma-se o arco iris pálido e fantasmagórico em volta da lua e nesse momento é possível se ouvir o som da Rasga-mortalha. Tudo é tão incomum: a quantidade de insetos, os cheiros de putrefação de organismos que eu nunca vi, misturados ao aroma de cigarros de pimenta-longa. Os homens são machistas e, paradoxalmente, cheios de intimidade de corpo entre si. Eles não falam "porra", falam "gala" e eu ainda não fui em uma festa de gala..Mas já atravessei radiante uma balada às margens do rio acre abanando meu leque feito de folha descumonal de uma árvore daqui.
Eric D'Ávila

2 comentários:

Clenes Guerreiro disse...

Eric,

lembrou da rasga-mortalha (Matinta Pereira) ein... rs...
Amanhã passo para dar um abraço em vocês...
Té+

Grupo Teatral Parlendas disse...

Ow querido nem nos falamos..vc tem face book?
Um Beijo