2 de fev. de 2011

Sibricu

Todos eram estranhos e rio grandenses do norte no taxi rumo a Serra do mel e havia uma viúva entre eles. Eu morria com o pior calor e quando lancei o olhar moribundo pela janela, vi na beira da estrada um jumento morto com uma coja de urubus aterrissando em seu corpo. Aquela imagem não me tirou da apatia até uma nova passageira entrar no taxi. Contrariado tive que comprimir meu corpo contra o corpo da viúva para que a nova estranha se acomodasse. Foi então que a estranha me resgatou algum frescor humano quando disse: A prata, bichinho! Era que as minhas moedas haviam se esparramado no banco detrás. Recolhi todas, me desprendendo lentamente de meu mal humor, quando a viúva configurou de vez uma situação muito cômica para mim: Pediu ao motorista parar pois ela queria comprar um frango, pois desde que seu marido morrera ela não tinha ânimo para cozinhar. Pronto. Bem como eles falam aqui: Então pronto! Agora ela rescendearia aquele bafo quente com melancolias e cheiro de frango assado. Ela estava muito triste mas me provocou um riso interno ao lembrar que seu marido era o único da casa que comia o "Sibricu" do frango e eu fiquei imaginando que, assim como os bêbados jogam um trago para os seus santos, Ela deveria sempre consagrar todos os Sibricus In memoriam de seu amado...
Eric D'Ávila

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